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O balanço afro do Kokoko - Esquire
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O balanço afro do Kokoko

Com instrumentos feitos a partir de sucata e uma incendiária mistura de ritmos, o grupo do Congo faz turnê e finaliza novo álbum no Brasil

O cantor e percussionista Makara Bianko (esq) e o músico e produtor Débruit (Divulgação)

 

Suingue, balanço, funk. Kokoko é veneno da lata. Nascido nas quebradas de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, o grupo – liderado pelo cantor e percussionista congolês Makara Bianko e pelo músico e produtor francês Débruit –  chega ao Brasil para finalizar aqui o seu próximo álbum, ainda sem título, e esticar os músculos com uma série de shows no Rio (14/11), Recife (19/11), São Paulo (20/11), Porto Alegre (22/11) e Minas Gerais (23/11). Na bagagem, traz uma série de instrumentos, feitos de sucata, que vem ajudando a moldar o seu energético som desde a estreia, em 2019, com o elogiado “Fongola”.

“Em Kinshasa, costuma-se dizer que a sobrevivência alimenta a criatividade. E o Kokoko é prova disso”, explica Débruit (Xavier Thomas). “Diversos instrumentos que usamos nem têm nome. Eles foram criados do nada ou montados a partir de restos porque guitarras e teclados, por exemplo, são muito caros, são inacessíveis para a maior parte da população. Mas acabamos transformando a necessidade em uma ferramenta de criatividade porque esses instrumentos acabam dando uma sonoridade única ao nosso som”.

Formado em 2016 depois que Débruit, em visita ao país, encontrou Bianko tocando nas ruas da capital, o Kokoko já lançou três álbuns: “Fongola” e “Fongola Instrumentals” (2021) e “Butu” (2024). Movidos por uma incendiária mistura de ritmos digitais e locais, descrita com a expressão local “tekno kintueni”, os discos levaram a comparações com o Prodigy, ícone da cultura rave dos anos 90. No idioma lingala, “Butu” quer dizer “a noite”, apontando para o ambiente onde bandas como o Kokoko proliferam, apesar das dificuldades da vida em uma das mais populosas cidades do continente africano.

“Em Kinshasa, onde a escuridão chega cedo, já que fica na linha do Equador, a noite é incrivelmente vibrante. Mesmo com os constantes apagões, as ruas estão sempre cheias e você parece escutar sons de todos os lados”, conta ele.

(Divulgação)

 

Ao encontrar um ambiente semelhante em Nova Orleans, o grupo – que já tocou em festivais como o Pitchfork e programas como o Tiny Desk – decidiu gravar na cidade norte-americana o seu novo álbum. “Nova Orleans é uma porção da África nos Estados Unidos. Encontramos essas semelhanças nos cantos que ouvimos nas ruas, nas igrejas, em toda a parte, e tentamos incorporam isso ao nosso som”, explica Débruit, que, assim como Bianco, mora entre Kinshasa e Bruxelas, na Bélgica.

Como a estética DIY (“Faça você mesmo”) está em seu DNA, o Kokoko vai mixar o novo álbum “em algum lugar” entre Rio e São Paulo, motivado pelo interesse em um som local igualmente cru e dançante: o funk. “Nosso som tem o mesmo balanço e a mesma agressividade urbana que o baile funk, então é uma conexão natural”, diz Débruit,, que revela o interesse em encontrar uma figura em particular. “Adoro Tom Zé. Seria incrível encontrá-lo em São Paulo.”