O Boticário oficializa sua entrada na perfumaria árabe com o lançamento de Hadiya, a nova marca que já nasce como o maior investimento do grupo em fragrâncias. O aporte dedicado ao projeto é 50% superior ao usualmente empregado pela empresa no desenvolvimento de perfumes, sinalizando o peso estratégico que esse movimento assume dentro da expansão premium do portfólio.

A escolha não é aleatória. A perfumaria árabe tornou-se uma das frentes de crescimento mais aceleradas do mercado global de fragrâncias, impulsionada pela demanda por perfumes intensos, madeirados e de longa duração. O setor deve ultrapassar US$ 77 bilhões até 2032, e o Brasil é um dos principais motores dessa curva: as buscas por perfumes árabes cresceram 24 vezes no país em dois anos, segundo o Google Trends, colocando o mercado brasileiro como responsável por 40% da audiência digital global ligada ao tema, segundo estudo da DSM-Firmenich.
Nesse contexto, Hadiya se posiciona como a principal aposta do grupo para capturar um consumidor cada vez mais interessado em performance olfativa e intensidade. A marca estreia com uma fragrância de alta concentração e fixação de até 12 horas, construída a partir de matérias-primas tradicionais da perfumaria árabe, como especiarias e madeiras densas — entre elas o Oud Assam, considerada a versão mais pura e valorizada do ingrediente.
Para desenvolver o projeto, o Boticário revisou seus padrões internos de criação. Protocolos sensoriais foram ampliados, acordes passaram a seguir critérios mais rigorosos de construção e a seleção de matérias-primas demandou uma curadoria mais minuciosa. “Hadiya exigiu novos processos, novas competências e um nível de profundidade diferente na forma como criamos fragrâncias”, afirma Paulo Roseiro, diretor-executivo de Perfumaria do Grupo Boticário. Segundo ele, o lançamento marca “um salto” no padrão técnico da empresa.
A estratégia também mira escala. O grupo projeta crescimento de 300% até 2026 em lançamentos inspirados na perfumaria árabe, apoiado em estrutura omnicanal — lojas físicas, e-commerce e venda direta — para ampliar o alcance de uma categoria que ainda circula majoritariamente em nichos. A identidade visual reforça o posicionamento premium, reinterpretando ânforas milenares em um design contemporâneo que conecta tradição e modernidade.

Embora a entrada oficial aconteça agora, o interesse do Boticário por códigos olfativos ligados ao Oriente Médio não é recente. Desde os anos 1990, fragrâncias como Tanit e Tuareg antecipavam movimentos estéticos que só anos depois seriam agrupados sob o guarda-chuva da “perfumaria árabe”. O histórico ajuda a explicar por que o grupo se sente confortável para competir em um segmento que cresce rapidamente e exige consistência técnica.
A aposta chega em um momento de fortalecimento da perfumaria dentro do portfólio da empresa. Em 2024, o Boticário vendeu mais de 400 mil fragrâncias por dia e foi eleito a marca de perfumaria mais amada pelos brasileiros, segundo a Kantar. Para Renata Gomide, vice-presidente de Consumer, Hadiya consolida esse papel: “Entramos na perfumaria árabe no momento em que ela deixa de ser tendência e passa a ser preferência do consumidor brasileiro. Fazemos isso com a experiência de quase 50 anos no mercado e com a ambição de liderar esse novo ciclo.”
Com Hadiya, o Boticário amplia sua atuação no segmento prestige e reposiciona sua presença no mercado global de fragrâncias. O lançamento combina investimento inédito, rigor técnico e leitura precisa do comportamento de consumo — elementos que sustentam a ambição do grupo em disputar protagonismo em um dos nichos mais dinâmicos e competitivos da perfumaria contemporânea.