Aos 64 anos, a estilista Bella Freud desafia os formatos tradicionais da psicanálise ao criar o “Fashion Neurosis”, um podcast que faz jus à sua profissão — e ao seu sobrenome. Sim, ela é bisneta de Sigmund Freud. A premissa do programa parte de uma pergunta simples, mas reveladora: “Por que você escolheu a roupa que está usando hoje?”. É assim que ela inicia a conversa com seus convidados, que já incluíram nomes como Kate Moss, Nick Cave e Jonathan Anderson. O gancho é a roupa, mas o papo vai muito além. A sacada do programa é clara: mostrar que moda e psicologia andam de mãos dadas e revelam nuances de personalidades profundas.
Nascida e criada em Londres, Bella é, antes de podcaster, estilista. Sua marca homônima, sediada na capital inglesa, é conhecida por misturar itens clássicos do vestuário feminino e masculino com frases e sacadas lúdicas, transformando peças em pequenas provocações.
Em sua passagem pelo Brasil, Bella teve uma agenda cheia: participou da Rio2C, deu entrevista para a televisão, foi a uma festa na casa de Lenny Niemeyer e deu um pulo em São Paulo para gravar uma conversa, mediada por Dudu Bertholini, que será exibida na íntegra no Iguatemi Talks, em outubro.
A Esquire participou da gravação do Iguatemi Talks e, aqui, vai um spoiler dos destaques do bate-papo.
Sobre o trabalho do bisavô Sigmund Freud:
“Meu pai (o pintor Lucian Freud) foi a minha maior influência e ele nunca falava do seu avô (Sigmund Freud). Uma vez eu perguntei sobre ele e a resposta foi: “ele era engraçado”, e eu adorei essa ideia. Na Inglaterra, ninguém sabia quem era Sigmund Freud, as pessoas nem acertavam a pronúncia do meu nome.”
“Eu li algumas interpretações de sonhos, mas eu não li muitas coisas sobre seu trabalho. Em algum momento, eu vou ler. Mas eu não quero me distrair com o legado de ninguém. Meu pai não apoiava nenhum tipo de nepotismo.“
Sobre nostalgia:
“Eu odeio a nostalgia. Eu acho que a nostalgia te deixa presa no passado. E o passado tem que ser educação, pesquisa.”
Sobre intimidade:
“Eu amo o sentimento de me sentir próxima das pessoas, mas eu não quero ser uma profissional. Sinto que, às vezes, as pessoas agem como se pegassem intimidade em uma “fast track”. Não gosto. É legal quando você conhece alguém e tem um nervosismo uma curiosidade… e você permite dar o tempo disso evoluir.”
Sobre o que as roupas dizem:
“Eu sempre reparo em algo que os convidados não costumam falar, tipo as meias. Sou meio obcecada por meias.”
Sobre a influência das mídias sociais na moda:
“É sempre bom descobrir qual é o seu reflexo, em vez de procurar outros reflexos. Me lembro de uma vez quando criança, me olhei no espelho e entendi que eu não gostava do que eu vestia, da roupa que minha mãe escolheu.”
Sobre moda e personalidade:
“A moda te leva a lugares que você não teria coragem de ir. Se você experimenta com as suas roupas, você experimenta na sua vida com coisas que você gostaria de ser.”
