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Quantos drinks posso pedir em um primeiro encontro?

Eu fui até o lugar mais procurado para encontros, de acordo com a internet, no East Village de Nova York, para descobrir

A maior noite de encontros da temporada — o Dia dos Namorados — está chegando. E, em preparação, amigos e colegas têm me bombardeado com perguntas sobre quais comportamentos no bar podem fazer a diferença entre encontrar sua alma gêmea ou viver a pior ressaca moral da vida. Por exemplo: quais coquetéis impressionam num encontro? Quais são sinal de alerta imediato? E quantas bebidas é razoável tomar no primeiro date?

Fui até o lugar mais “fofo” para encontros do East Village, em Nova York, o Romeo’s, para procurar respostas. O Romeo’s é um bar retrô, com coquetéis experimentais. As luzes de néon rosa intenso banham os clientes com um brilho romântico, e sempre há um filme de John Hughes ou John Woo passando no projetor da parede. Você nunca precisa se preocupar com um silêncio constrangedor — o que faz dele um lugar ideal para um primeiro encontro.

O cardápio oferece releituras criativas de clássicos, como gin tônica com pepino ou mai tai de pistache. Também há comidinhas afetivas, como cachorro-quente e bagel de pizza, sempre disponíveis caso o date não esteja indo tão bem.

O cofundador e diretor de bebidas Evan Hawkins trabalhou duro para criar a atmosfera perfeita para encontros. Ele é praticamente um especialista em ambientação, com passagens por casas renomadas de Nova York como Mother’s Ruin, Broken Shaker e Goodnight Sonny. Foi inclusive atrás do balcão que ele conheceu sua esposa, Sara. Hoje, os dois tocam o Romeo’s juntos. Sara se autodenomina a “mãe espiritual da casa” — e não consigo pensar em dupla mais adequada para responder às minhas perguntas. Conversei com esse casal de sábios mixologistas sobre amor, bebida e o que fazer (ou evitar) num bar. A seguir, os destaques dessa conversa, editada para clareza e concisão.

Como você e sua esposa se conheceram?

Nos conhecemos em Miami, quando eu estava fazendo um pop-up no Sweet Liberty. Ela tinha sido contratada como embaixadora da St-Germain. Estávamos com uma proposta meio tiki, e ela foi até o bar pedir um drinque com St-Germain. Eu respondi: “Não posso fazer isso. Só temos três drinques no cardápio. Desculpa.” Quando voltei para Nova York, estava trabalhando em quatro bares diferentes — e ela era a representante da marca em todos eles. Um dia, finalmente, a convidei para ir ao cinema. Fomos ao Alamo Drafthouse e assistimos a dois filmes seguidos. Nos beijamos na escada rolante e… o resto é história.

Como você criou uma atmosfera romântica no Romeo’s?

A maioria dos bares é pensada para homens. E eu me perguntei: por que estamos fazendo bares para homens? Não me importo se eles vêm ou não. Se as mulheres aparecem e se sentem seguras, os caras vêm depois. Queria atrair um público mais amplo. Foi uma estratégia de equilíbrio: criar um ambiente confortável tanto para mulheres quanto para homens. Quando elas chegam para um encontro, precisam se sentir à vontade. Mas também inserimos toques masculinos suficientes para que os homens não se sintam deslocados. A ideia é que todo mundo se sinta bem.

Qual é um coquetel romântico para impressionar o date?

Um cosmopolitan. Ele é rosa, elegante e fácil de beber. O nosso é diferente: usamos licor Combier e fazemos uma calda com cranberry fresco, açúcar e suco de laranja. Finalizamos com óleo de casca de laranja flambado. Fica lindo — um verdadeiro momento “uau”.

Outra boa pedida é começar com um highball. É leve, borbulhante, com pouco álcool e sabores interessantes. Servimos alguns direto da torneira, como mezcal com maçã e canela, gin tônica de pepino ou Moscow mule com coco tostado. O ideal é começar suave e aumentar o teor alcoólico aos poucos.

Você consegue perceber como está indo um encontro pelo que o casal pede?

Consigo. Quando alguém muda para um espresso martini, sei que o encontro esquentou. Eles costumam começar com cerveja, vinho ou um Aperol spritz. Mas, de repente, vem o espresso martini, e eu sei: esse date foi um sucesso e deve continuar em outro lugar. Quando o pedido inicial é vinho ou cerveja, costumo perceber que são pessoas experientes, que sabem se controlar.

E qual pedido acende um alerta vermelho?

Se alguém começa com algo muito forte — tipo um Negroni logo de cara ou três dedos de uísque —, já é sinal de alerta. Melhor sair. Esse encontro promete sair do controle. Você vai se soltar rápido demais. E aquele Negroni nunca é só um. Sempre vem o segundo. De repente, você já tomou mais de 200 ml de álcool sem nem perceber.

Qual o número ideal de drinques num primeiro encontro?

Três. E eu explico: para mim, poderiam ser seis, mas eu sou doido e trabalho nessa área. Quando era solteiro, percebi que precisava me controlar, porque acabava arruinando o encontro. A outra pessoa tentava me acompanhar — e não deveria. Aprendi que, no primeiro date, é preciso desacelerar. O objetivo é conhecer a outra pessoa. Se embriagar logo de cara não ajuda em nada. Acredite: você acha que está bem, mas, da minha perspectiva atrás do balcão, você já parece alguém que tomou três Negronis.

Você já viu casais se formando no Romeo’s?

Vários. Tem um cara que mora a três portas daqui e já trouxe, sei lá, uma dúzia de encontros. Nenhum deu certo até agora. Por outro lado, teve um casal que se conheceu aqui logo depois que abrimos, em dezembro passado, e já voltou para comemorar o primeiro aniversário. Eles ficaram noivos.

Alguma dica para paquerar no bar?

Hoje em dia é difícil abordar um estranho. Mas o bar costuma ficar bem cheio, então minha dica é simples: se você ver alguém interessante, esbarre com leveza. Observe se a pessoa parece receptiva. E, se parecer, apenas diga oi. Não precisa de cantada nem quebra-gelo. Um “oi” é o suficiente.